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Guia completo sobre ESG: Princípios, benefícios e impacto nas organizações

As organizações são hoje cada vez mais conscientes das mudanças climáticas, da escassez de recursos e, da urgência de alterar práticas que podem ser lesivas ao ambiente, às pessoas e comunidades em que se inserem, existindo um crescente esforço em reduzir os riscos associados às alterações climáticas, promover o crescimento económico e criar uma economia mais sustentável.

A crescente pressão social, ambiental e regulatória está a transformar o papel das empresas no século XXI. As empresas que implementam práticas ESG reconhecem que além dos resultados financeiros do negócio, geram um impacto duradouro nas esferas social e ambiental, passando a atuar como agentes de mudança proativos e comprometidas com o futuro do planeta.

Neste contexto, a integração dos princípios ESG Environmental, Social and Governance, tornou-se um fator determinante para o sucesso das empresas a longo prazo.

O que é o ESG?

ESG é a sigla que define os três pilares fundamentais da sustentabilidade empresarial:

  • Ambiental (Environmental): Como a empresa impacta e protege o meio ambiente;
  • Social: Como gere as relações humanas e comunitárias;
  • Governance: Como estrutura e regula internamente os seus processos e liderança.

Mais do que um conceito, o ESG representa o resultado mensurável em termos de desempenho global de sustentabilidade de uma organização, influenciando a perceção dos investidores, dos consumidores e dos colaboradores.

A Origem e Evolução do ESG

Introduzido em 2004 no âmbito do Pacto Global da ONU e em colaboração com o Banco Mundial, o ESG está hoje alinhado com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A sua aplicação vai além da responsabilidade social corporativa (RSC), que tem caráter mais interno e qualitativo. O ESG, por sua vez, está focado em indicadores objetivos, rastreáveis e comparáveis.

Os 3 Pilares do ESG em Detalhe

1. Ambiental

A capacidade de reconhecer e gerir os seus impactos ecológicos diretos e indiretos e contribuir para uma economia descarbonizada, através dos seguintes esforços:

  • Reduzir as emissões de gases com efeito de estufa;  
  • Eficiência energética e uso de energias renováveis;
  • Economia circular, reciclagem e gestão de resíduos;
  • Tecnologia verde e edifícios verdes;
  • Desenho do produto e gestão do ciclo de vida;
  • Fonte e circularidade dos materiais;
  • Conservação da biodiversidade e da água.

2. Social

A sustentabilidade social está intimamente associada à gestão que cada empresa faz das relações com as suas pessoas, seja funcionários, clientes, fornecedores e da comunidade no geral.

As empresas preocupam-se em aplicar as seguintes práticas:

  • Políticas de igualdade de oportunidades;
  • Condições dignas de trabalho, diversidade e inclusão;
  • Segurança e bem-estar no local de trabalho, onde se incluí o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal;
  • Direitos humanos na cadeia de fornecimento;
  • Atração e retenção de talento através de apoios e incentivos à formação contínua;
  • Segurança e privacidade dos dados;
  • Segurança e qualidade dos produtos;
  • Marketing ético.

O consumidor e o trabalhador atual são cada vez mais atentos à transparência e ética nas práticas empresariais, valorizando as empresas que se comprometem na prática com estas responsabilidades.

3. Governance

Diz respeito à estrutura e práticas de governance corporativa das empresas, mais concretamente a composição diversificada e independência do conselho de administração, transparência nas informações financeiras, financiamento e investimentos responsáveis, práticas anti concorrenciais, políticas de remuneração justas e devida valorização pelo desempenho. Respeito e rigor na aplicação dos códigos de ética e conduta, gestão de riscos e combate à corrupção.

As empresas que seguem estes passos tendem a ser mais eficientes, a evitar escândalos corporativos e, a geram uma melhor perceção e confiança a potenciais investidores.

Como pode o ESG ajudar as empresas em detalhe

Como benefícios intangíveis podemos referir o aumento da confiança dos stakeholders e da reputação da marca. Os benefícios tangíveis e mensuráveis dizem respeito ao aumento do retorno do investimento, a redução do risco e, a uma maior facilidade em atrair e reter talento.

Os critérios ESG são então fatores-chave que podem alavancar as empresas em várias frentes, seja nas vendas, na redução dos custos, aumento da produtividade, redução do risco e melhoria nos investimentos. De seguida analisamos cada benefício com mais detalhe!

Crescimento das vendas

Os consumidores atuais manifestam mais a sua consciência ecológica, cívica e social e, querem colaborar com organizações verdadeiramente comprometidas com a qualidade de vida dos trabalhadores, dos consumidores e, de todas as pessoas envolvidas na produção e no desenvolvimento dos seus produtos e serviços.

Se a sua empresa adotar uma proposta de ESG não só poderá ter mais facilidade em entrar em novos mercados, como crescer nos que já opera. Ao conquistar a confiança das entidades governamentais e bancos, estará mais suscetível a ter acesso e ver aprovadas licenças e oportunidades de investimento. Organizações com uma boa classificação de ESG são vistas como menos arriscadas e mais resilientes.

Redução de custos

Além da redução de custos com matérias primas, águas e eletricidade, as empresas conseguem ter melhor eficiência de recursos e desempenho financeiro. A redução dos custos passa por alguns destes exemplos:

  • Reduzir consumo de água;
  • Reduzir consumo de energia e priorizar energias renováveis;
  • Produzir produtos recicláveis ou biodegradáveis;
  • Reduzir, reciclar resíduos gerados e, melhorar a logística otimizando as rotas.
Aumento da Produtividade

O aumento da satisfação dos colaboradores pode estar associado a um senso de propósito que os inspira a elevar a sua produtividade e desempenho. Quanto maior a perceção de um colaborador sobre o impacto positivo do seu trabalho, maior será a sua motivação.

Empresas sustentáveis atraem e retém talentos que procuram organizações que apoiam causas ligadas à sustentabilidade.

Redução do Risco e Investimento

O ESG contribui para uma abordagem holística (social, governamental, ambiental) da gestão de risco e, para o cumprimento de leis e regulamentos relevantes que asseguram o pleno funcionamento da organização.

Sabia que está comprovado que 89% dos investidores dos principais mercados globais encaram o ESG como um critério de avaliação?

Com uma estratégia de ESG sólida, os gestores não só identificam oportunidades de investir em recursos mais amigos do ambiente, como eliminam equipamentos de elevado consumo energético, processos de produção com grande desperdício de matérias-primas, evitando assim investimentos de baixo retorno e que podem afetar negativamente o ambiente e colocar em causa a reputação da empresa.

A Nova Regulação Europeia: CSRD

A União Europeia reforçou a sua exigência em matéria de ESG com a entrada em vigor da Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), que exige que mais empresas, incluindo PME cotadas, divulguem informações padronizadas sobre fatores ambientais, sociais e de governo. Esta norma aplica-se de forma faseada entre 2024 e 2028 e obriga à utilização dos European Sustainability Reporting Standards (ESRS), promovendo a comparabilidade, auditabilidade e fiabilidade dos relatórios ESG.

Evolução da ESG em Portugal: Dados Estatísticos

Apesar de haver um forte interesse, ainda existem barreiras estruturais à implementação eficaz de ESG em Portugal:

  • Segundo o estudo “The Search for ESG Talent” da ManpowerGroup, 83% das empresas portuguesas já desenvolveram ou estão a desenvolver estratégias ESG.
  • No entanto, 91% afirmam não dispor de talento suficiente com competências ESG, sendo esta uma das principais lacunas.
  • Um inquérito da CIP (Confederação Empresarial de Portugal) revelou que apenas 36% das PME monitorizam o seu desempenho ambiental, o que evidencia um espaço significativo para evolução.

Portugal encontra-se entre os países da UE com menor taxa de empresas que integram o ESG de forma transversal à sua estratégia de negócio. Quais são então as empresas portuguesas que já deram o salto para a transição climática?

Exemplos Práticos em Portugal

A EDP tem-se destacado pelo seu compromisso com a descarbonização, estabelecendo metas de neutralidade carbónica até 2030, e é recorrente presença em índices internacionais de sustentabilidade como o Dow Jones Sustainability Index.

A Galp anunciou a transição para um portefólio mais verde, com investimentos em hidrogénio verde e solar.

A Corticeira Amorim, líder mundial em produtos de cortiça, integra o ESG no seu modelo de negócio através de práticas circulares e compromisso com a biodiversidade.

Estes exemplos são a prova de que é possível para as empresas conjugarem rentabilidade com responsabilidade socioambiental.

E a sua empresa já integrou o ESG na estratégia de negócio?